Praga é uma magnífica capital europeia, repleta de história e que nos transporta numa viagem no tempo. A Capital da Boémia é um museu ao ar livre com inúmeros pormenores por descobrir e de uma riqueza arquitetónica espantosa e extremamente bem conservada. Vamos descobrir o que visitar em Praga?
Uma visita a Praga
Praga é uma cidade muito bem “arrumada, dividida em cinco grandes áreas. Cada uma conta a sua estória, compondo, todas juntas, a história de vida desta atribulada capital: o Castelo, o Bairro de Malá Strana (ou Bairro Pequeno), a Cidade Velha, a Cidade Nova e Josefov, o antigo gueto judeu.
À chegada a Praga sigo de imediato para a Ponte Carlos. Esta magnífica ponte é conhecida pelas 30 estátuas de santos e figuras religiosas, réplicas de obras originais expostas no Museu Nacional. A Ponte Carlos é a memória de mais de 600 anos de guerras, procissões e execuções. Ao longo de 400 anos foi a única ligação entre as duas margens do rio Moldava. Passar a mão no relevo de bronze da estátua S. João Nepomuceno é uma tradição de boa sorte (a mesma que faltou ao santo quando foi lançado ao rio).
Da ponte entro no coração de Praga, a Cidade Velha. Quando chego à praça fico sem fôlego. A minha atenção é atraída em todas as direções. Para o Relógio Astronómico na Torre da Câmara, à parede da Casa dos Minutos, à Igreja da Nossa Sra. de Tyn, à Igreja de S. Nicolau, à estátua de Jan Hus, ao palácio Golz-Kinsky, à ….já deu para perceber certo?
A Igreja da nossa Sra. de Tyn e as suas duas Torres góticas é um dos mais emblemáticos símbolos desta Praça. Rivaliza atenções com o Relógio Astronómico, que de hora a hora exibe ‘A Caminhada dos Apóstolos’. Nesta caminhada a grande protagonista é a figura da Morte que faz tocar um sino de forma altamente fatalista.
Todos os caminhos vão dar a esta praça que não me canso de visitar, uma e outra e outra vez.
O que mais visitar em Praga? Antes de subir ao Monte Petrin é obrigatória uma paragem no café Savoy para um robusto pequeno-almoço. Vale a pena quer pela deliciosa refeição, quer pela beleza imperial do café.
A subida ao monte é efetuada num rústico funicular. Chegada lá a cima senti o friozinho gelado da altura (318 m acima da cidade). Frio que esquecido pela fantástica paisagem onde se vislumbra à distância o castelo de Praga. Passear por Petrin é uma experiência deliciosa. Deambular pelas ruas, subir e descer pelos mais diversos caminhos, observar a natureza gelada, descobrir os seus tesouros. No topo avista-se a Torre de Observação (uma réplica da Torre Eiffel), o Mosteiro Strahov, o Muro da Fome, a Igreja de S. Lourenço e o Roseiral.
Atravessado o monte, segui para o Castelo de Praga. Uma imponente estrutura que pode ser contemplada à distância até num cinzento e enevoado dia de inverno. O Castelo encontra-se na Colina Hradcany, local onde foi fundada a cidade. Ocupa uma área superior a 72,5 mil m² sendo considerado pelo Guinness World Records Book, o maior castelo do mundo.
No seu complexo encontrei-se a espetacular catedral gótica de S. Vito, cujas flechas se erguem orgulhosamente em direção ao céu, o Antigo Palácio Real, a Basílica e o Convento de S. Jorge. Neste complexo é ainda possível visitar a Torre da Pólvora, a Torre Dalibor, o Palácio Lobkowicz e a Viela Dourada. Antes de abandonar o castelo aconselho uma visita mais atenta à catedral, os bonitos vitrais e as gárgulas assim o justificam
Deixando o castelo para trás segui em direção ao Loreto, o santuário barroco da Virgem Maria. O santuário alberga um imenso tesouro e um ostensório de Diamantes. É famoso por guardar uma réplica da Santa Casa original em Loreto, Itália, onde a Virgem Maria foi visitada pelo Anjo Gabriel. O seu carrilhão tem 30 sinos que entoam um antigo hino dedicado à Virgem.
Sigo depois para o Bairro Pequeno onde visito a imponente igreja de S. Nicolau e a Igreja da nossa Sra. Vitoriosa, ou Igreja do Menino Jesus de Praga. Para vocês que não adoram visitas a igrejas (para quem não gosta, ver uma é ver todas), recomendo a Malá. Deambular pelas ruas sinuosas e percorrer os diversos parques, visitar o Mural de John Lennon. Este mural totalmente decorado em homenagem ao ex-Beatle e em constante mudança pelas sucessivas pinturas que ali são feitas. Não esquecer ainda de visitar em Praga a famosa Ponte dos cadeados.
Atravesso novamente o rio Moldava pela Ponte D. Carlos e sigo agora para a Cidade Nova, mais concretamente para a Praça Venceslau. Esta ampla praça está rodeada de edifícios do início do século XX e dos mais variados estilos artísticos (Art Nouveaux, Art Deco ou Cubistas). O Palác Koruma, o hotel Evropa ou Palác Lucerna são alguns dos exemplos da história mais recente da cidade. Ao subir a rua encontra-se a estátua do santo que lhe deu nome e o imponente Museu Nacional. O Museu domina toda a praça de Venceslau e é um símbolo da cultura e da nação checa. Em 1968, após a primavera de Praga (movimento de protesto contra o regime comunista), a sua fachada foi danificada pelos tiros dos tanques das unidades do Pacto de Varsóvia.
Guardei para o fim a zona de Praga que mais me impressionou de uma forma que ainda hoje não sei explicar…o Bairro Josefov. Foi aqui que, confinados entre os seus muros, os judeus de praga foram obrigados a viver décadas. Chegaram a atingir uma população de mais de 180 mil pessoas.
O percurso pelo Bairro Josefov começa pela visita à Sinagoga Pinkas, onde está o “Memorial 77.297″. Este memorial é uma emocionante homenagem com o nome das 80.000 vítimas checas e moravas do Holocausto.
A viagem prossegue pelo antigo cemitério judaico que confesso deixou-me um travo amargo. A visão de centenas de campas empilhadas por falta de espaço é impressionante. Testemunha o tratamento dado aos judeus durante décadas. O cemitério é um memorial à comunidade judaica deste bairro e prova viva do sentimento mais vil da raça humana. A discriminação racial e religiosa.
A fachada da Câmara Municipal está repleta de imagens fantásticas. Tem um relógio rococó cujos ponteiros rodam ao contrário, decorações opulentas da Sinagoga Espanhola e o estilo renascentista da alta sinagoga.
Apesar das memórias menos felizes, Josefov renasceu das cinzas da sua trágica história. Alberga agora algumas das mais luxuosas lojas do mundo. É um bairro de classe alta que desemboca na Praça da Cidade Velha.
Há muito que visitar em Praga e a minha passagem por lá deixou uma imensa vontade de lá voltar. Com mais calma e com menos frio, talvez na primavera quando estiver toda florida e cheia de cor. Deixa-me absolutamente envolvida pela sua personalidade e pela sua história. É uma grande cidade que tem sabido preservar a sua herança e manter vivo um passado atribulado. Uma cidade com personalidade e alma, uma alma mágica que nos atrai e nos prende nos seus encantos.
Agora que já sabe o que visitar em Praga, o que está à espera para marcar a viagem.