Vamos descobrir Vilnius?

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O que visitar em Vilnius?

A Lituânia é o mais antigo estado do Báltico, fundado pelo Papa em 1251. A sua história foi algo atribulada. Ocupada consecutivamente ao longo dos séculos, só em 1990 se declarara finalmente um estado independente. O século XX, pós I Guerra Mundial, foi dos mais conturbados. Ocupada primeiro pela Polónia, depois pela URSS, durante a II Guerra Mundial pela Alemanha e finalmente, no pós-guerra, novamente pela URSS. Apesar de um percurso conturbado, a Lituânia soube reerguer-se gradualmente e manter orgulhosamente os retalhos que constituem a sua memória. Vamos descobrir o que visitar em Vilnius?

À descoberta de Vilnius

A zona histórica de Vilnius é de tal forma importante e repleta de narrativa e riqueza que é Património da UNESCO em 1994. A “Cidade Velha” é uma das maiores da Europa (com 1,5 km de extensão) e um dos centros históricos com maior número de igrejas. Numa vista panorâmica podemos observar inúmeras torres, campanários e setas que se destacam nos céus da cidade.

Parto à descoberta de Vilnius com grande curiosidade. O que será que esta capital do Báltico me reserva? Começo pela Praça da Catedral e daí sigo os diferentes pontos cardeais que se espalham em diferentes direções, até à torre do Castelo, ao Portão do Amanhecer, ao museu do KGB ou ao Bastião de Artilharia.

A Catedral de Vilnius, também conhecida de Catedral de S. Stanislav e S. Vladislav, é o mais importante local de culto para os Católicos da Lituânia, apesar de ter sido construída em 1251 no local de um templo pagão. A sua fachada neoclássica faz lembrar os antigos templos gregos e no seu interior destaca-se a Capela Barroca de S. Casimiro. A capela é uma das mais impressionantes que tivemos oportunidade de visitar, com colunas de mármore, figuras em estuque e coloridos frescos. No exterior, no pavimento encontrei as marcas da muralha defensiva que protegia o Palácio Real (ou Castelo de Baixo).

Na praça visitei ainda o Campanário que fazia parte das fortificações originais da cidade, cuja entrada estava situada no local onde agora se encontra a Capital.

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Mesmo ao lado ficam o Castelo de Baixo e o Castelo de Cima. O primeiro foi a residência dos Grão-Duques da Lituânia e o segundo, localizado mais acima, no Monte Gediminas, onde Vilnius nasceu. A melhor forma de descobrir a cidade é subir à Torre do Castelo, com 48 m de altura. Tem uma das melhores vistas.

Sigo pela direção oposta, percorrendo a Gedimino Prospektas, a principal avenida da cidade, onde se concentram as lojas mais importantes, e que me leva ao próximo destino: o Museu do KGB. O edifício do Museu das Vítimas do Genocídio foi o quartel-general do KGB, entre 1940 e 1991. Usado ainda durante a ocupação NAZI pela Gestapo entre 1941 e 1944. No museu podemos ficar a conhecer os pormenores mais negros da opressão soviética ao povo lituano pós-II Guerra Mundial, em especial como decorriam as deportações em massa para a Sibéria, e como o movimento de resistência lituana lutou e resistiu a essa opressão. Na cave encontrei-me num Universo Paralelo onde mantinham os opositores ao regime. Locais como as celas dos presos e alguns dos espaços de tortura (a cela com água no solo, usada no inverno e a cela acolchoada) ou as câmaras de execução.

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No extremo oposto da cidade fica Portão do Amanhecer, um dos santuários mais visitados e um dos mais curiosos que se possa adivinhar. Está localizado por cima de uma das portas de entrada de Vilnius e a capela tem origem na tradição centenária de construir uma capela em cada porta para proteger a cidade. Esta porta é a única sobrevivente das cinco originais que rodeavam Vilnius entre 1503 e 1522. A capela guarda a pintura da Madonna de Misericórdia, reconhecida internacionalmente. A imagem atrai peregrinos de todo o mundo para lhe prestar homenagem, visto que se diz que tem poderes milagrosos. Para os locais, os milagres atribuídos à imagem foram registados pelas freiras do convento das carmelitas que fica nas suas imediações.

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No centro histórico fica a Universidade de Vilnius, a mais antiga universidade da Europa de Leste, fundada em 1568. É fascinante não só pelos diferentes estilos arquitetónicos que compõem a sua construção, como pela sua dimensão que inclui 12 pátios, um dos quais abrigando a também impressionante igreja de S. João. A torre desta igreja, com quase 70 m de altura, é a mais alta da cidade velha. Mesmo ao lado fica o Palácio Presidencial, um edifício monumental, de fachada e dimensão impressionantes e já recebeu, entre outras figuras ilustres, Napoleão Bonaparte e o Czar Alexandre I.

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Espalhadas por toda a cidade há igrejas que merecem visita como a de S. João que, como já referi, faz parte do recinto da Universidade de Vilnius com um nome digno da Alta Nobreza: Igreja de São João Batista e São João Evangelista. A sua construção durou quase 40 anos sendo concluída em 1426. Naquela época era um edifício gótico. Em 1571 a igreja passou para a Ordem dos Jesuítas e tornou-se uma parte dos complexos universitários. Durante a ocupação soviética foi transformada em armazém e em 1993 recebeu a honra máxima para uma Igreja Católica, a visita do Papa João Paulo II.

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À margem do centro histórico fica a Igreja de Santa Ana, uma obra-prima do gótico. Reza a Lenda que Napoleão Bonaparte ficou tão fascinado pela sua beleza que quis levá-la de volta para Paris na palma da sua mão. Infelizmente, a realidade não é tão romântica: durante a marcha do exército napoleónico através da Lituânia, a igreja foi entregue às forças de cavalaria francesa. A igreja conseguiu sobreviver por mais de cinco séculos e chegou até aos nossos dias, intacta. Napoleão tinha toda a razão, é fabulosa. Ao lado fica a Igreja de São Francisco de Assis (Bernardo) mais conhecida por Igreja Bernardina. O prédio é monumental e em caso de necessidade, pode ser utilizado para a defesa. Nos tempos da ocupação soviética da Igreja foi fechada e transformada num armazém. O complexo Bernardino é património cultural lituano desde 2008.

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No centro histórico merecem visita à Igreja Espírito Santo, Mosteiro Basiliano da Santíssima Trindade e a Igreja ortodoxa de S. Miguel e S. Constantino.

A Igreja Espírito Santo é uma das mais antigas de Vilnius. Estima-se que a primeira igreja nasceu neste local ainda nos tempos de Gediminas, mesmo antes da conversão do país ao Cristianismo. O interior da igreja é ricamente decorado com uma profusão de mármore falso Rococó, frescos e pinturas. É um dos mais valiosos de todas as igrejas na Lituânia. Existe ainda uma abundância de elementos decorativos, como os 16 altares, o órgão, talvez o único instrumento original do século XVIII, e as 45 pinturas.

Mosteiro Basiliano da Santíssima Trindade é uma das mais modestas igrejas de Vilnius. A igreja mistura diferentes estilos arquitetónicos, com elementos do gótico, barroco e estilo bizantino russo. A primeira igreja ali construída assinalava o local onde três mártires cristãos lituanos foram torturados. Diz a lenda que em 1347 a esposa do Grão-Duque Algirdas Julijona construiu uma igreja ortodoxa de madeira na sua honra.

Mais afastada do centro, a Igreja ortodoxa de S. Miguel e S. Constantino tem um interior e exteriores fantasiosos e luxuosamente decorados. Esta é uma das mais esplêndidas igrejas ortodoxas em Vilnius. Também conhecida como a Igreja Romanov, foi construída em 1913.

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A não perder:

O Bastião Artilharia foi construído como parte da muralha defensiva da cidade no século XVII. Durante a sua história foi orfanato, lixeira, armazém das munições das tropas alemãs durante a II Guerra Mundial e de vegetais durante a invasão soviética. Tem uma das melhores vistas do distrito de Uzupis. A zona relvada à sua volta proporciona um local ideal para apanhar sol e descansar as pernas.

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A Estátua Frank Zappa é a primeira estátua da estrela do rock californiana com uma origem curiosa. Ali colocada por um grupo de artistas locais que em 1993 procuravam testar os limites da nova e independente Lituânia. Para o seu espanto a estátua foi aprovada e ali fica desde essa data.

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E finalmente chegamos a Uzupis, um pequeno bairro cujo nome significa “para lá do rio”. Esta zona da cidade e caracterizada pelos seus terraços escondidos, ruas estreitas e galerias de arte. Os artistas que ali residiam declararam independência em 1997 e tem inclusive a sua própria bandeira e constituição afixada numa parede da rua Paupio.

Por tudo isto, Vilnius é uma capital orgulhosa da sua independência e é uma cidade que procura recuperar a sua identidade própria. Os vestígios das diferentes culturas que por ali passaram estão bem presentes na Capital, mas ela assume-as como traços da sua personalidade, com orgulho. Percorrer as ruas de Vilnius é uma experiência arrebatadora!

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