Belgrado, a Fénix Branca

O que visitar em Belgrado?

A capital da Sérvia desde 1840 e é uma das cidades mais antigas da Europa. Vamos descobrir a sua história e o que visitar em Belgrado?

Belgrado é conhecida pela Fénix Branca ou como a “cidade branca” devido à sua atribulada história. Foi alvo de 115 guerras e arrasada 44 vezes.

A sua localização estratégica, na confluência de dois rios, Sava e Danúbio, deixou-a encurralada no cruzamento da Europa Ocidental. Não existiu povo conquistador ou império que por aqui não tenha passado. Falo dos celtas, dos romanos, dos visigodos, dos hunos, dos otomanos e dos Impérios Otomano e Austro-húngaro. Mas Belgrado conseguiu reerguer-se sempre.

Belgrado, a Fénix Branca, não é uma cidade “bonitinha”, nem pretende ser. É orgulhosa, moderna e uma mistura de influências culturais e históricas. Todas as civilizações que, ao longo dos séculos ali passaram, deixaram as suas marcas. Blocos socialistas, obras-primas Art Nouveau, obras do legado dos Habsburg e relíquias otomanas e romanas. Agora pretende apenas esquecer e fazer esquecer a sua história atribulada e abrir caminho para um futuro glorioso.

O que visitar em Belgrado

Qualquer visita à cidade começa normalmente pela Knez Mihailova, uma animada avenida pedestre ladeada por edifícios históricos, percurso ate à antiga fortaleza de Belgrado. Um dos pontos mais estratégicos do Sudeste da Europa. Construída na confluência dos dois rios, foi destruída e reconstruída mais de 40 vezes ao longo de 16 século. No entanto, permanece até hoje símbolo da capital da Sérvia. Conhecer a sua história significa conhecer a história do povo sérvio, e de Belgrado, a Fénix Branca. As suas fortificações datam dos tempos celtas, mas os seus diferentes conquistadores ali deixaram a sua marca ao longo dos séculos.

A sua atribulada história é hoje esquecida, pelo imenso parque que agora ocupa aquela zona da cidade. Parque conhecido pelas vista e pelas inúmeras feiras e festas que ali se realizam anualmente. É um dos lugares mais populares da cidade. Um espaço privilegiado para descansar, namorar, passear ou fazer um romântico pedido de casamento (no local onde se avista o abraço entre o Salva e o Danúbio).

Aqui pode também ser encontrado o monumento “Victor” – o vencedor que supervisiona os rios e guarda as suas margens. A enorme escultura de bronze representa um homem nu que segura a pomba da paz. Foi desenhada para ser parte da fonte que se encontra em frente ao hotel Moska, passando a ser a joia da coroação de Belgrado. A fonte permaneceu inacabada uma vez que a estátua foi considerada demasiado nua para figurar no centro da cidade, numa zona tão nobre. Passou assim para a fortaleza onde desfruta de uma vista maravilhosa, tornando-se assim o símbolo mais conhecido da Sérvia em todo o mundo.

Outro ponto de passagem obrigatório, sobretudo à noite, é Skadarlija, a rua Boémia. Tem apenas cerca de 400 m de comprimento e está rodeada de cafés, bares e restaurantes. Ali se pode desfrutar das especialidades da cozinha nacional e ouvir música tradicional servia até o amanhecer nas famosas kafanas (tradicionais tabernas sérvias).

A primeira kafana da Europa foi inaugurada há mais de 400 anos em Belgrado. Em pouco tempo transformou-se no centro da vida quotidiana. O nome apareceu apenas em 1738 com os turcos e rapidamente se tornaram o centro da vida cultural, económica, social e política da cidade. As kafanas eram um lugar de diversão e trabalho, vício e paixão, maquinações e politiquices. Era ali que tinham lugar peças teatrais e concertos, que se realizam as reuniões dos partidos políticos, das Guildas, e da Assembleia Nacional. Local onde os jornalistas escreviam as suas notícias e onde os poetas escreviam os seus poemas.

A mais famosa em atividade é uma lenda. Pequena e encantadora, tem a tradicional banda de música ao vivo. De estilo tradicional dos Balcãs no início do século XIX, mesmo em frente à Catedral. Colecionou vários nomes ao longo dos anos. Até que ficou apenas conhecida como Kod Saborne crkve (junto à Catedral), nome mal recebido e proibido pelas autoridades religiosas. O espaço passou então a chamar-se, provisoriamente de “?” (Ponto de Interrogação). O nome permanece hoje. As kafanas são muito populares na Sérvia, são excelentes locais para provar a comida local e ouvir boa música tradicional.

Em frente do “Ponto de Interrogação” encontramos a Catedral Ortodoxa de Belgrado, responsável, como já vimos, pelo nome atual da velha Kafana. A Catedral foi dedicada ao Arcanjo Miguel e é uma mistura de estilos barroco e neoclássico. No seu interior encontram-se as ossadas do Príncipe Lazar morto na batalha do Kosovo em 1389. Esta batalha acabou sem vencedores, mas a partir daí o Kosovo passou a assumir uma importância fulcral para a consciência nacional da Sérvia. Próximo da catedral, encontra-se a antiga residência real, um excelente exemplo que sobreviveu ao longo dos séculos, da arquitetura servia-otomana, o Palácio da Princesa Ljubica.

Mais afastada do centro, mas com lugar de destaque, encontramos Sveti Sava, a maior igreja ortodoxa do mundo. A sua construção começou em 1930, no local onde os turcos, alegadamente, queimaram relíquias de São Sava, com o objetivo de quebrar o espírito sérvio.

O trabalho no interior da igreja (frequentemente interrompido por guerras) continua até hoje. Pode apenas visitar-se a cripta dourada, decorada com deslumbrantes lustres ornamentados, mosaicos de vidro de Murano e frescos vibrantes. A enorme e deslumbrante cripta deixa antever a grandiosidade da cúpula ainda construção. Esta será adornada com um mosaico de 1248 m², um dos maiores do mundo numa superfície curva. Está previsto que o trabalho termine em 2020.

São Sava é a maior igreja ortodoxa Sérvia, maior local de culto ortodoxo nos Balcãs e uma das maiores igrejas ortodoxas do mundo. É o edifício mais monumental em Belgrado, visível a partir de qualquer entrada na cidade. Pilar da fé na Sérvia, representa um farol de fé, espiritualidade, cultura e liberdade.

Os números testemunham a sua grandeza: altura total são 82 m, com a cúpula e a cruz banhada a ouro acresce12 m. A cúpula central pesa 4 000 toneladas e o seu içamento foi a maior conquista do processo de construção. Tem mais de 49 sinos nas torres, que tocam diariamente anunciando o meio-dia, e 18 cruzes chapeadas a ouro nas suas abóbadas. Com uma superfície de 3 500 m² no piso térreo, pode receber 10 000 pessoas. Contempla quatro galerias de 1720 m² no primeiro e segundo andar e o exterior é coberto com mármore branco e granito.

Antes de regressar ao centro histórico passei ainda pelo Ministério da defesa da Jugoslávia e pela sede da Rádio e Televisão Servia. São duas ruínas dramáticas, memória do bombardeamento da NATO de 1999. Estes bombardeamentos tinham como objetivo terminar com a Guerra do Kosovo, onde decorriam “alegadas” limpezas étnicas de albaneses na região. Outros exemplos destes bombardeamentos foram mantém-se em ruínas como memória. No caso da estação de televisão, foi construído no local um novo prédio, deixando as ruínas do bombardeado.

Junto da destruída estação de televisão, no parque Tašmajdan, nasceu o monumento de homenagem às vítimas denominado “Porquê?”. Inclui nomes, idades e descrições de funções de cada pessoa morta no ataque. Na parte inferior do memorial, há uma foto do prédio tirada logo após o ataque, durante as operações de resgate. Nas imediações do monumento, podemos encontrar a mais antiga igreja ortodoxa russa da sérvia, também atingida no ataque à televisão.

Voltamos ao centro histórico, passando pelo mais emblemático e luxuoso hotel da cidade, o Hotel Moskva. Situado na Praça Terazije é um símbolo orgulhoso da cidade, um dos marcos mais reconhecíveis e um valioso monumento arquitetónico. Albert Einstein, Alfred Hitchcock, Richard Nixon, Luciano Pavarotti são apenas alguns dos grandes nomes que visitaram e aqui se hospedaram. Entre os hóspedes mais importantes do Hotel Moskva destacam-se também grandes escritores como Jean-Paul Sartre, Orson Welles, Maxim Gorky e muitos outros.

Além de ser uma referência local tem algumas curiosidades que fazem dele um espaço único. Por exemplo, nos últimos 100 anos teve mais de 36 milhões visitantes. É o único hotel em Belgrado que não tem quarto com o número 13. Durante a II Guerra Mundial foi a sede da Gestapo. Em 1974, o seu restaurante introduziu o “Moskva šnit” bolo que se tornou a primeira marca “doce” de Belgrado.

Outros locais a não perder:

Localizada no parque Tašmajdan encontramos uma das mais belas igrejas da cidade, a Igreja de S. Marcos. Igreja ortodoxa de arquitetura medieval, construída no estilo servo-bizantino em 1940. É uma das maiores igrejas do país e foi construída no período entre as duas grandes guerras entre 1931 e 1940, no centro de Belgrado. Construída no local de uma antiga igreja de madeira do século XIX, destruída em 1941.

O Museu de Nikola Tesla dedicado ao génio da engenharia com o mesmo nome, nascido na Croácia, mas filho de pais sérvios. O seu museu guarda informação sobre a sua vida e as suas criações. É o museu ideal para quem gosta de peças itech. O monumento a Nikola Tesla foi erguido em 1963 em frente à Universidade Técnica. As suas invenções contribuíram para o desenvolvimento da civilização, sendo o autor de quase 1 000 patentes e distinto inventor da eletricidade.

Zemun, bairro ribeirinho de Belgrado onde ainda e possível encontrar a autenticidade local e apreciar o passado da cidade. E um dos bairros mais carismáticos de Belgrado. Há muito tempo, começou por ser um campo de batalha do Império austríaco e otomano até 1717. Durante o reinado turco e tornou-se uma parte da Áustria. Quando passou finalmente para a ser uma parte de Belgrado ficou conhecida como a mais bonita cidade fronteiriça com a Áustria. Hoje, é a parte mais bonita de Belgrado e o seu coração histórico. Por aqui ainda podemos encontrar Fachadas rústicas, ruas de paralelepípedos e arquitetura que “cheira” do passado. Tudo isso dá um charme especial a este bairro localizado na margem direita do Danúbio. Dar um passeio por Zemun pelas suas ruas de paralelepípedos significa entrar num passado histórico e algo turbulento.

Guia de Viagem:

Como se deslocar: a zona central de Belgrado é facilmente explorada a pé. Ao longo da Knez Mihailova, a principal rua pedonal que liga o centro à fortaleza. Algumas locais que possam ficar mais longe são facilmente alcançáveis de táxi ou transportes públicos – autocarro ou elétrico. Conduzir na cidade só mesmo para quem tenha muita segurança. O trânsito é caótico e os locais conduzem de forma pouco segura.

Como chegar: pode chegar a Belgrado de avião, comboio, autocarro, carro e navio. A companhia aérea nacional Air Serbia, assim como muitas companhias aéreas internacionais têm voos regulares para muitos destinos mundiais, a partir do aeroporto “Nikola Tesla”

Moeda: A moeda servia é o dinar (RSD). Pode fazer o câmbio no aeroporto ou casas de câmbio local, ou mais fácil ainda, levantado em qualquer ATM na cidade.

Língua: O Sérvio é uma língua eslava, muito próxima do Bósnio e do Croata. O alfabeto é normalmente o cirílico, mas não se preocupe que todas as direções estão também em latim.

Onde comer: as kafanas são os melhores locais para provar a típica comida local. A Question Mark é um pouco turística, mas tem refeições caseiras. Recomendo ainda a Zlatni Bokal e Dva Jelena, com comida tradicional deliciosa e boa musica ao jantar.

O que comer & beber: Ćevapčići, salsicha sem pele e cheia de sabor, servida num pão achatado com uma cebola; Pljeskavica, é uma espécie de hambúrguer gigante espalmado, grelhado, absolutamente delicioso; Gibanica, uma tarte de queijo deliciosa feita de camadas de massa fina com queijo e ovo; Tufahija, para os gulosos, maçã com recheio de noz e açúcar, coberta com creme de claras. Rakija é a bebida mais conhecida da sérvia. É uma aguardente forte cujo teor alcoólico varia entre 30% e 40%, mas em alguns destiladores privados pode chegar aos 50%. Beber com moderação 😊.

Belgrado, a Fénix Branca não é uma” cidade bonita”, mas a sua história e vitalidade torna-a numa das cidades mais interessantes da Europa, para visitar agora.

Agora que já sabe o que visitar venha a Belgrado e diga Zdravo (Olá), ou melhor ainda, živeli (Cheers)!

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