Navegar ao sabor do Lago Inle

A região do Lago Inle é um dos destinos mais procurados de Myanmar. São famosas as fotos que enchem o Instagram dos famosos pescadores de Intha que impulsionam os seus barcos e equilibram as redes de pesca através da sua técnica única e equilíbrio de pernas. Vamos navegar ao sabor do Lago Inle?

Talvez por isso as expectativas não eram as melhores. No entanto, a visita à região do Lago Inle acabou por superar largamente as minhas expectativas.

Comprimido entre colinas verdejantes, o lago é mundo à parte do resto do país. Imagine um lago vasto, rodeado por pântanos e jardins flutuantes. Um lago onde aldeias de casas, mercados, restaurantes, hotéis e templos budistas se erguem acima da água.

A vida no Lago Inle

A porta de entrada para o lago é a cidade de Nyaungshwe através do canal de Nankand que entra nas suas águas escuras e tranquilas. Amanhecera solarengo e quando entramos no pequeno barco ainda se sentia o fresco na manhã, numa região nascida a mais de 800 m de altitude.

Navegar ao sabor do Lago Inle

O meu era um dos muitos barcos a motor de cauda comprida que rasgam as águas todas as manhãs. Uma frota que atravessa a superfície vítrea do lago, transportando os visitantes para mosteiros e templos, aldeias flutuantes, oficinas de seda e ourivesaria.

Com uma área estimada em 116 km² e 100 km de comprimento por apenas 5 km de largura, Inle abriga nas suas margens mais de 200 cidades e aldeias, maioritariamente povoadas pelos Intha (filhos do lago). O povo lntha vive em pequenas aldeias construídas sobre palafitas e desenvolveu um modo de vida único, maravilhosamente adaptado ao palpitar das estações no lago. Ali têm as suas oficinas, hortas e jardins. O lago Inle é o seu jardim flutuante. Local de onde recolhem algas e lamas para construir o seu campo de cultivo. Local de pesca, viveiro de flores de lotus. Artéria que percorrem diariamente no vai e volta do mercado ou da visita ao templo.

Em redor do lago vivem ainda uma miríade de minorias que caracterizam o Myanmar como os Shan, Pa-O, Taung Yo, Danu, Kayah e Danaw. Povos que descem das suas aldeias nas colinas envolventes para mercados flutuantes e para os templos.

Os templos de Inle

Entre os jardins flutuantes, os mercados e as diversas aldeias no lago recomendo ainda uma visita aos diversos templos que por ali pululam.

Um dos mais conhecidos é o Mosteiro Nga Phe Kyaung, o “Mosteiro dos Gatos Saltadores”. Nome que deriva dos monges incitarem os felinos residentes a saltar por arcos durante as horas calmas entre os recitais das escrituras. Hoje em dia, não há muito para ver, visto que a nova geração de gatos prefere dormir a andar aos pulos pelo local. O mosteiro tem um belo salão de madeira, um espaço calmo que convida a meditação que vale a pena explorar.

Seguindo pelas águas calmas entramos num canal estreito, coberto de folhagem, que serpenteia pelos canaviais até à aldeia de Inthein. Ponto de passagem conhecido pela quantidade única de stupas que ali podem ser encontradas e datam de há vários séculos. A aldeia está coberta por uma floresta de stupas que começam logo no início da aldeia e percorrem toda a colina até ao topo. Muitas das stupas estão em ruínas, muitas estão recuperadas e muitas foram engolidas pela vegetação, mas não deixam de ser uma visão inesquecível.

No topo da colina chegamos ao Shwe Inn Thein Paya, um complexo de 1054 zedi (stupas). Uns intocáveis durante séculos, outros reconstruídos recentemente. Poderia facilmente passar algumas horas a explorar as várias ruínas aqui.

Um canal largo leva para sul desde Ywama até à aldeia de Tha Lay onde se encontra o pagode Phaung Daw Oo. No interior do enorme pagode estão cinco antigas imagens de buda transformadas em bolas disformes pelo enorme volume de folhas de ouro aplicadas por devotos. O belo pagode localizado num dos sinuosos canais do lago permite admirar de perto a vida e a devoção das populações locais que fazem deste lago a sua casa.

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