Lisboa, Segredos à Vista

Nem tudo o que há para saber sobre a história da maçonaria em Lisboa está tão escondido como se diz. Normalmente os vestígios da maçonaria são aqueles que escapam aos olhares mas eles estão à vista de todos, basta apenas um olhar mais atento. Apesar de ser uma organização restrita e para muitos altamente secreta, muito pode ser desvendado num percurso pelas ruas de Lisboa.

Existem inúmeros vestígios espalhados pela capital e um passeio mais atento ajuda a  desvendar algumas das curiosidades em torno da presença da maçonaria na cidade, começando, por exemplo, no Cais das Colunas e no Terreiro do Paço, passando pela Baixa, pelo o Chiado, na Rua Nova da Trindade, na Cervejaria fundada por um Metre Maçon, passando pelo Largo Rafael Bordalo Pinheiro (um conceituado maçon), pela Casa do Ferreira das Tabuletas (cuja fachada está decorada com inúmera simbologia maçon) e terminando no próprio Museu maçon que já aqui vos apresentei, localizado na Rua Grémio.

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O cais das colunas é, maçonicamente, a entrada do “grande templo”.  As colunas representam, à semelhança das que são encontradas nos Templos Maçónicos, as colunas do Templo de Salomão.  O “estar entre colunas” maçonicamente significa estar em segredo entre irmãos.

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Os 78 arcos (11 à direita e 11 à esquerda da Rua Augusta e 28 arcos de cada um dos lados nos edifícios laterais à volta da praça) simbolizam as 78 cartas do livro de Thot (Tarot). As primeiras 22 arcadas correspondem aos arcanos maiores (iniciáticos) e as restantes 56 aos arcanos menores.

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A estátua de El-Rei D. José, no centro da praça, poderá ter sido esculpida por alguém que possuía no seu carácter a arte e o saber iniciático das confrarias esotéricas.  Na retaguarda deste monumento existe um baixo-relevo, onde se podem descobrir diversos símbolos maçónicos como as chaves, o compasso e o esquadro e, mais abaixo, a arca aberta com o tesouro, a joia do conhecimento. Ao centro, um menino coroado, conhecido por Quinto Império, ostentando uma coroa de louros, símbolo da vitória e uma estrela de cinco pontas, conhecida em Maçonaria como o símbolo da iluminação e da sabedoria.

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O Arco da Rua Augusta é outro monumento maçónico. Suportado por duas colunas, o tem um significado profundamente esotérico.  Todas as cidades alicerçadas sobre sete colinas (Lisboa, Roma, Jerusalém) são consideradas urbes sagradas pela tradição teúrgica (da obra do Eterno na face da Terra, onde a magia e a sublimidade se tornam realidade) e possuem o seu Arco do Triunfo ou da Salvação que designam como o umbral dos mistérios, a passagem das trevas para a luz, da morte para a imortalidade, que é concedida pela sabedoria das idades.

As três ruas que compõem o conjunto do grande templo são a Rua do Ouro, a Rua da Prata e a Rua Augusta.  O ouro é o objetivo alquímico final representado por um círculo com um ponto no meio (glifo), que significa a luz, o dia e o elemento masculino: Homem. A prata é, na alquimia, o símbolo feminino e lunar. Já Augusta vem de Augusto, que significa supremo, superior, o mais importante.



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Aperto de mão maçon num relevo situado na Praça da Figueira.

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Casa do “Ferreira das Tabuletas”, um dos exemplos mais evidentes de como os símbolos maçónicos marcam a arquitetura Lisboeta, foi mandada construir pelo capitalista galego, Manuel Moreira Garcia, proprietário da Cervejaria Trindade.Este ilustre empresário tinha uma forte ligação à maçonaria, materializada nos azulejos da fachada constituídos por seis figuras alegóricas referentes a elementos da natureza (Terra e Água), ao comércio, à indústria, à ciência e à agricultura. Nos extremos da fachada, em eixo, dispõem-se medalhões circulares com cabeças de leão, sendo este o símbolo heráldico de Moreira Garcia. No frontão da fachada foi colocado, ao centro, o Olho da Providência, envolto por cornucópias, frutos e enrolamentos de acanto.

Claro que todos estes símbolos podem ter diversas conotações e sentidos mas a sua ligação à maçonaria é o tema que mais interesse desperta. E existem muitos outros espalhados pela cidade à esperem de serem descobertos… Estas pegadas são apenas uma amostra do muito que há para descobrir em Lisboa, desde o Cemitério dos Prazeres que também já aqui falei, passando pela Quinta da Regaleira, símbolo máximo da arquitetura e simbologia maçónica que também já vos apresentei aqui.

Assim, deixo o convite para quem vive fora de Lisboa e sobretudo para quem vive ou passa regularmente na Capital para partir à descoberta destes segredos de grande riqueza histórica e cultural que nos mostram uma outra perspetiva da cidade do que a que temos no dia-a-dia – casa/trabalho/casa.

Para quem vem pela primeira vez a Lisboa aqui ficam as coordenadas:

Como vir e como de deslocar na cidade: Carro, comboio, avião, Expresso, mota…Lisboa é muito bem servida de acessos e transportes. A cidade é grande mas os transportes públicos (em especial o metro) são excelentes formas de se deslocar. E depois de cá chegar andar a pé é, definitivamente, a melhor forma de conhecer a cidade.

Onde Ficar: Existem inúmeras opções de hotéis por Lisboa, desde a recém inaugurada Pousada de Lisboa, um espaço único onde uma estadia pode chegar a custar 800€ por noite, à opções de hotéis mais baratos e acessíveis a todas as bolsas aos populares hostels, a sua grande maioria com localizações centrais, mesmo no coração da cidade.

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