À descoberta da “formal e monótona” Bruxelas

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Chocolates, cervejas, graufres e BD são estes alguns dos argumentos que levam a maioria dos visitantes a Bruxelas. São bons motivos, na verdade, mas Bruxelas é muito mais. Para uma cidade por muitos, apelidada de cinzenta e fria, a capital da Bélgica vai com certeza surpreender os seus visitantes, pela sua riqueza histórica e cultural, pelo contraste entre a grandiosidade dos edifícios históricos e o aço, vidro e betão da zona europeia, pelos seus parques verdejantes e igrejas gloriosas e pelo constante cheiro a graufes acabados de fazer e a chocolate que nos segue por todas as ruas.

À descoberta de Bruxelas

Bruxelas é muito fácil de conhecer a pé não só porque não é muito grande como as suas ruas, desde a praça central, cruzam-se e levam- nos a todos os destinos que interessam ver e conhecer.

A cidade está dividida entre zona Baixa e Alta (refletindo o relevo em que foi construída). A primeira tem como ponto central a Grand Place e estende-se até ao Palais de Justice, incluindo  e o Palais Royal. Para lá do Parc de Bruxelles, a zona alta inclui todo o quarteirão do Parlamento Europeu e respetivos organismos e estende-se até ao Parc du Cinquantenaire.

Comecei a descoberta pela sala de visitas de Bruxelas, a Grand-Place, uma das mais belas praças do mundo. A praça é o coração da cidade onde se pode contemplar algumas das mais belas obras de arte da arquitetura, a começar pelo Hotel de Ville, magnífica construção gótica do século XV com 137 estátuas na fachada e um pináculo de 96 m de altura. Na praça pode-se ainda admirar a Maison du Roi, ex-moradia dos monarcas espanhóis e guarda atualmente o guarda-roupa do Manneken Pis, Le Pigeon, onde viveu Victor Hugo, La Maison des Ducs de Brabant, casas de diversas guildas, entre outras.

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De um dos lados da praça segui caminho até à Église St-Nicolas, La Bourse, a Bolsa de Valores de Bruxelas, um edifício imponente que domina a praça e faz sombra a alguns achados arqueológicos da cidade medieval, descobertos acidentalmente em 1998 (Bruxella 1238).

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A toda a volta da praça é possível encontrar motivos de interesse como a Rue des Bouchers, rua que mantém o seu nome medieval e que guarda a memória de uma zona quase exclusiva de talhos. Atualmente alberga o maior número de restaurantes, mas confesso que o seu aspeto não me entusiasmou a parar para comer. A Rua des Bouchers é atravessada no seu centro pelas Galeries St-Hubert, as primeiras galerias comerciais da Europa, inauguradas pelo Rei Leopoldo I. As Galerias impressionam não só pelo aglomerado de lojas de luxos e chocolaterias com montras tentadoras mas também pela sua arquitetura onde se destaca a abóbora do teto em vidro.

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Do centro do luxo para o centro religioso da Bélgica, a Catedral de Sts Michel-et-Gudule é outro belo exemplar da arquitetura gótica, tendo sido construída com materiais trazidos das pedreiras locais. A sua construção arrastou-se por 300 anos e quando a visitei percebi porquê.

Segui a elevação da cidade em direção à Place Royale onde fiquei de frente para a Église St-Jacques-sur-Coudenberg. Esta igreja resultou de uma capela que ali existia parte do Caminho de Santiago de Compostela, com ligação direta ao Palácio Real. O palácio, localizado logo ali ao lado, é um impressionante edifício que domina toda a Place des Palais e que é a moradia dos monarcas belgas. Na verdade, esta zona é dominada pela elegância dos seus edifícios como o Museu BELvue, o Museu dos Instrumentos de música, o Palácio Charles Lorraine e Museu Real das Belas Artes.

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Deixando o palácio para trás cheguei ao degrau escarpado que divide a cidade, a Place du Grand Sablon, uma zona nobre e abastada que se estende até à nobre igreja Notre-Dame du Sablon, cujos vitrais de 14 m de altura dominam o seu interior. Quase em linha reta seguipara a Place Petit Sablon, um pequeno e encantador jardim localizado a meio caminho do Palais de Justice. Já o Palácio é um imponente edifício que domina a linha do horizonte com a sua cúpula debruada a dourado. Tem uma dimensão impressionante e do alto da sua praça vigia a parte baixa da cidade. Da praça adjacente tem-se uma vista única da cidade.

Afasto-me finalmente em direção à zona alta. A caminho do Parc du Cinquantenaire atravessei a cidade, cruzando a zona Europeia onde estão localizados o Parlamento Europeu e toda uma série de edifícios da Administração da UE. Neste conjunto inclui-se o famoso Berlaymont, o edifício em forma de tricórnio que alberga a Comissão Europeia e vemos tantas vezes na televisão, com todas as bandeiras dos diferentes países que constituem a UE ao vento.

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Fecho a nossa visita com um passeio pelo mais famoso e também o mais grandioso parque de Bruxelas, que culmina de forma triunfal no Arco Central. O arco é guardado à direita pelo Museu Real da Arte e História e à esquerda pelo Museu Real do Exército e da História Militar, cuja fachada não nos deixa indiferentes. Vagueio calmamente pela Avenida ladeada de olmos e plátanos (nesta altura do ano, completamente despidos) e admiro de um lado a grande mesquita e de outro os amplos espaços verdes que de verão certamente atraem inúmeras famílias e desportistas.

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Não saia de Bruxelas sem:

Visitar o minúsculo Manneken-Pis, a estátua-fonte do menino a fazer xixi com 61 cm e que, segundo dizem, foi inspirada no filho de um duque que parou para “esvaziar a bexiga” no meio de uma batalha. A sua valentia e foi depois “homenageada” desta forma, virando símbolo da coragem militar do país. O pequeno Manneken tem um guarda-roupa de fazer inveja a muita fashion victim com mais de 800 fatos.

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Ver o Atomium foi construído em 1958 e é uma representação de um átomo aumentado 165 mil milhões de vezes. Foi construído para a feira mundial, tem 102 m altura, nove bolas de alumínio com 18 m de diâmetro e da mais alta, a 100 m de altura, temos uma vista impressionante da cidade. As esferas estão ligadas por escadas e é possível entrar em algumas delas, sendo a subida de escada rolantes ou de elevador muito interessantes. Só por curiosidade, a voltinha nas esferas implica subir 9 escadas rolantes e 80 degraus e descer 1 escada rolante e 167 degraus. Para o topo basta apanhar o elevador que é bastante veloz, 5 m/segundo, tendo sido na altura da sua construção o mais veloz da Europa.

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Comece a viagem por aqui:

– Descobrir um hotel bem localizado e com uma boa relação qualidade/preço;

– Fazer o trabalho de casa e traçar o percurso pela cidade, assinalando o que mais quer ver (não esquecer de deixar um dia para se perder e vaguear pelas ruas);

– Pesquisar alguns locais para provar a comida local.

Acreditem que da formal e monótona Bruxelas nada encontramos…cinzenta sim, mas apenas porque penso que Bruxelas é uma cidade amada pelo inverno e pela chuva.

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